Nesse sentido, é pré-condição ocultar a perspectiva do proletariado e seu signo revolucionário: a autogestão social. Wright (2019), assim como tantos outros na contemporaneidade (HOLLOWAY, 2003; HARVEY, 2004), são casos exemplares dessa ocultação e deformação. Para isso recuperaremos o significado marxista de revolução social no capitalismo, bem como demonstraremos que esse foi ocultado e deformado ao longo do século XX, e segue tendo muitas contribuições para a reprodução dessa ocultação e deformação na contemporaneidade, inclusive na própria obra de Eric Olin Wright. Essa prática da intelectualidade não pouco despropositada, visto que é realizada por intelectuais amplamente renomados, reconhecidos e propagandeados como um dos “marxistas contemporâneos mais dialéticos”, “um dos mais importantes sociólogo marxista”, tal como Wright é denominado por outro renomado intelectual progressista (BRAGA, 2021), em uma renomada revista alinhada ao bloco progressista (JACOBIN, 2021), cujo editor também compartilha da mesma perspectiva (SUNKARA, 2021), publicado em grandes editoras (capital comunicacional) progressistas (BOITEMPO, 2019) no fundo, representa uma luta cultural implementada por intelectuais e instituições historicamente vinculadas e pertencentes a esse bloco social, quer dizer, atuando em defesa dos seus interesses políticos, acadêmicos, econômicos, partidários etc. no capitalismo contemporâneo. Essa é a tese que sustentaremos nesse artigo:
Contestação Radical
Esse blog tem como propósito divulgar as produções teóricas e outras ações de Lisandro Braga e outros marxistas autogestionários. O objetivo fundamental é a promoção de uma luta cultural revolucionária, radical.
Música para o Espírito
sexta-feira, 17 de maio de 2024
ANTICAPITALISMO OU LUTA CULTURAL PROGRESSISTA? UMA CRÍTICA A ERIC OLIN WRIGHT
Nesse sentido, é pré-condição ocultar a perspectiva do proletariado e seu signo revolucionário: a autogestão social. Wright (2019), assim como tantos outros na contemporaneidade (HOLLOWAY, 2003; HARVEY, 2004), são casos exemplares dessa ocultação e deformação. Para isso recuperaremos o significado marxista de revolução social no capitalismo, bem como demonstraremos que esse foi ocultado e deformado ao longo do século XX, e segue tendo muitas contribuições para a reprodução dessa ocultação e deformação na contemporaneidade, inclusive na própria obra de Eric Olin Wright. Essa prática da intelectualidade não pouco despropositada, visto que é realizada por intelectuais amplamente renomados, reconhecidos e propagandeados como um dos “marxistas contemporâneos mais dialéticos”, “um dos mais importantes sociólogo marxista”, tal como Wright é denominado por outro renomado intelectual progressista (BRAGA, 2021), em uma renomada revista alinhada ao bloco progressista (JACOBIN, 2021), cujo editor também compartilha da mesma perspectiva (SUNKARA, 2021), publicado em grandes editoras (capital comunicacional) progressistas (BOITEMPO, 2019) no fundo, representa uma luta cultural implementada por intelectuais e instituições historicamente vinculadas e pertencentes a esse bloco social, quer dizer, atuando em defesa dos seus interesses políticos, acadêmicos, econômicos, partidários etc. no capitalismo contemporâneo. Essa é a tese que sustentaremos nesse artigo:
domingo, 17 de dezembro de 2023
SOCIOLOGIA e PSEUDOMARXISMO - IDEOLOGIAS BURGUESAS
Assim como a sociedade capitalista não emergiu “da noite para o dia”, pois precisou de um extenso processo histórico de constituição (três séculos aproximadamente), a episteme burguesa também não nasce pronta, uma vez que sua consolidação dependeu da consolidação da própria sociedade capitalista. Sua primeira fase de constituição foi elementar, porém, com a sucessão do regime de acumulação extensivo para o regime de acumulação intensivo (ORIO, 2020) a episteme burguesa ganha corpo e adquire uma forma mais desenvolvida.
Nesse mesmo regime de acumulação, emerge também o movimento revolucionário do proletariado e, por conseguinte, a constituição da episteme marxista. A existência dessa pressionará a burguesia a sistematizar uma política cultural antagônica à radicalização política dessa classe social e à episteme que a expressava teoricamente. Não gratuitamente, a maior obsessão da Sociologia (ideologia burguesa), tanto da clássica que nascia, quanto da contemporânea, foi e é a de promover uma desqualificação da suposta teoria marxista, suposta pois a academia mal conhece a produção teórica de Karl Marx, quando muito, o criticam através da leitura de suas caricaturas ideológicas pseudomarxistas ou de supostos críticos e seus mantras psittaciformes[1].
A episteme burguesa veio se constituindo historicamente, desde a emergência da classe burguesa no século XVI (Renascentismo), e consolidou seu primeiro paradigma nos fins do século XIX, com o desenvolvimento do positivismo. Apesar de suas bases serem oferecidas pelo iluminismo e pelo romantismo nas discussões mais abstratas, sua grande fonte inspiradora para o plano concreto foram as Ciências Naturais que, a partir de então, ganha grande credibilidade, status de conhecimento científico, reconhecimento intelectual, respeitabilidade, valores, interesses e disputas próprias da esfera científica (VIANA, 2019).
O positivismo hegemônico nas Ciências Naturais torna-se o “espírito da época” com seus campos mentais, axiomáticos, linguísticos, analíticos e seu modo subjacente de pensar próprio, que se propagandeará por um determinado tempo na sociedade capitalista. Para esse paradigma, o que conta é a ideia de positividade enquanto um saber científico objetivo (objetividade) e neutro (neutralidade) diante da realidade a ser investigada.
A partir do positivismo emergirá diversas novas ciências, tal como as Ciências Humanas no século XIX, que estabelecerá, em sua versão original e sociológica (Comte e Durkheim) uma unidade metodológica entre Ciências Naturais e Ciências Humanas. A força hegemônica do paradigma positivista no regime de acumulação intensivo não poupou nem mesmo aqueles intelectuais que passavam a se autointitular “marxistas”.
A ideologia pseudomarxista foi inicialmente sistematizada por Karl Kautsky (1854-1938), contudo o que um estudo pormenorizado da sua biografia, dos seus vínculos políticos (social-democracia), das suas influências intelectuais (Darwin, Henry T. Buckle, Andrew Lang, Engels[, todos positivistas e o último positivista e social-democrata), das suas próprias reflexões intelectuais e suas confissões apontam para uma constatação indubitável: Kautsky nunca foi marxista (MATTICK, 1988; MATHIAS, 1988).
O contato de Kautsky com o “marxismo” se dá mediado pela leitura de Engels (Anti-Dühring) e com uma forte influência do positivismo (cientificismo) em suas concepções intelectuais (PROCCACI, 1988). O aprofundamento no conhecimento da episteme marxista poderia ter levado Kautsky a romper com o positivismo. O problema é que a pré-condição para isso passaria por partir da perspectiva do proletariado, mas, não é o que ocorre, pelo contrário, a partir de seu revisionismo do “marxismo” (ideologia pseudomarxista), Kautsky produz uma ideologia que é expressão dos interesses de outra classe social, a burocracia em sua fração partidária social-democrata. Eis aqui la raison d’être da ideologia pseudomarxista.
[1] Conjunto de aves que compreende as espécies de papagaio, arara, calopsita etc., muito conhecidas por terem a capacidade de repetirem o que escutam frequentemente.
sexta-feira, 27 de outubro de 2023
EL NEOLIBERALISMO DISCRECIONAL DEL GOBIERNO DILMA (2015-2016)
Con las elecciones acercándose y la presión de sectores del bloque dominante exigiendo formas estatales neoliberales discrecionales, que apuntaban a una intensificación aún mayor de la ofensiva neoliberal en Brasil, el gobierno del PT apostó en el arte del disfraz haciendo propaganda de que, si Dilma fuera reelegida podría evitar el neoliberalismo discrecional que llamaba con fuerza a la puerta.
Pero, después de ser elegida con un pequeño margen de diferencia, Dilma Roussef se apresuró a quitarse el disfraz y comenzar la política de austeridad requerida por la desestabilización del régimen de acumulación integral brasileño. Un mes después de las elecciones, Dilma nombra a uno de los intelectuales (ingeniero y economista) neoliberales más ortodoxos del país (Joaquim Levy) para el Ministerio de Finanzas. La planificación de su política de austeridad estaba en marcha.
En 2015 el ministro Levy demostró para qué vino, presentando una propuesta de recorte presupuestario que restringió el mayor volumen de recursos en la historia del país. Su propuesta original era incluso más restrictiva que el recorte aprobado, es decir, un total de 70 mil millones de gastos no obligatorios: 25,7 mil millones tomados del PAC, 21,5 mil millones de enmiendas parlamentarias, 23 mil millones de otros gastos. Hubo recortes en todos los ministerios. Los más afectados fueron el Ministerio de Ciudades (17 mil millones), Salud (12 mil millones) y Educación (9,5 mil millones). El programa Minha Casa, Minha Vida (viviendas populares) perdió 7 mil millones.
quarta-feira, 11 de outubro de 2023
A PRIVATIZAÇÃO DOS PRESÍDIOS: A CONTRIBUIÇÃO DO GOVERNO LULA (2023)
A tão difundida palavra esperança, que apareceu em toda campanha eleitoral do governo atual, está prestes a se tornar desespero para muita gente, ou melhor, para as classes inferiores: em nove meses de governo, ao contrário do que seus entusiastas desejavam, a escalada repressiva continua progredindo em terras brasileiras.
Já
no primeiro semestre deste ano, especificamente no mês de abril, algo
inimaginável até então ocorreu. Através de decreto presidencial (nº
11.498/2023), que se apresenta como “incentivadora de benefícios sociais”,
possibilitou-se ao Estado realizar parcerias público-privadas (as famosas
“PPP”) nas áreas de segurança pública e sistema prisional. Em termos práticos, o
atual governo viabilizou a efetiva privatização dos presídios.
Essa
viabilização legislativa já permitiu a sua implementação ainda neste ano no
presídio de Erechim/RS, que servirá como uma espécie de “projeto piloto”. No
dia 06 de outubro, reunidos na Bolsa de Valores em São Paulo, com o apoio do
Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o Estado do Rio
Grande do Sul realizou leilão desta PPP no novo presídio de Erechim. O estado
gaúcho arcará com a sua construção e estruturação, com gasto aproximado de 150
milhões de reais, entregando a gestão às mãos privadas pelo período de 30 anos.
Como não poderia deixar de ser, o trabalho do preso será explorado[1].
Essa
não é uma novidade mundial. Em outros países, como os Estados Unidos, entregaram-se
às empresas a gestão dos presídios e, para além do discurso ideológico da
“ressocialização”, que serviu como discurso legitimante, constatou-se um
encarceramento em massa sem precedentes naquele país, algo que potencializou o
controle social das classes inferiores, transformando-o em lucro à burguesia
(CHRISTIE, 1998).
A efetiva privatização dos
presídios é algo que há muito tempo enfrentava uma resistência à sua
implantação nacional. Nem mesmo os governos que discursavam abertamente neste
sentido conseguiram avançar com tais propósitos. Diferentemente dos seus
antecessores, o governo de Lula já sinaliza que usará (e muito) do aparato
estatal para a repressão das classes inferiores. Com essa iniciativa, a
ampliação da privatização dos presídios aos demais estados do Brasil é uma
tendência evidente, algo que certamente contribuirá com maior nível de
encarceramento.
Mudam-se governos, mudam-se
governantes, revezam-se entre eles a esquerda e a direita, mas a essência
continua a mesma: o Estado é um aparato privado do capital que, inclusive em
épocas de ditadura burguesa velada (também conhecida como democracia), não abre
mão dos seus recursos repressivos como uma das formas de regularização das
relações sociais burguesas.
Referências:
CHRISTIE, Nils. A indústria do controle do
crime. Rio de Janeiro: Forense, 1998.
[1] Para maiores detalhes,
conferir <https://estado.rs.gov.br/definida-empresa-que-sera-responsavel-por-ppp-de-presidio-em-erechim>.
Acesso em 08/10/2023.
segunda-feira, 29 de maio de 2023
segunda-feira, 15 de fevereiro de 2021
I COLÓQUIO INTERNACIONAL AMÉRICA LATINA EM MOVIMENTO - NEOLIBERALISMO E AUTORITARISMO
O Colóquio Internacional América Latina em Movimento (on line) é uma realização do Grupo de Pesquisa Cultura, Política e Movimentos Sociais na América Latina/CPMSAL, que é vinculado ao Programa de Pós-graduação em Sociologia/PGSOCIO da Universidade Federal do Paraná/UFPR, Brasil, e tem como propósito fomentar o debate, a produção, a troca e a difusão de conhecimentos sobre as sociedades latino-americanas, a partir de uma perspectiva teórica crítica. Nesse sentido, promove conferências, palestras, mesas-redondas, cursos de formação, minicursos etc. sobre o modo de produção da vida e suas diversas formas de regularização (políticas, jurídicas, ideológicas, culturais, repressivas etc.) nas sociedades latino-americanas, bem como sobre as diversas formas de contestação social (movimentos sociais, movimentos de classes, coletivos políticos, lutas culturais etc.) que nelas emergem.
sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021
EXPERIENCIA DE LUCHA E LUCHA CULTURAL EN FRANCIA (1968)
El trabajo analiza las experiencias de las luchas estudiantiles y obreras en Francia en la década de 1960, especialmente en mayo-junio de 1968, demostrando la importancia de las luchas culturales estudiantiles y su fusión parcial con el movimiento obrero en el avance de las luchas, la conciencia de clase, la radicalización política durante mayo de 1968 y su herencia revolucionaria. Para eso, analizaremos este evento dentro de una totalidad: el régimen de acumulación conjugado.