Música para o Espírito

segunda-feira, 26 de maio de 2025

O LUMPEMPROLETARIADO EM FRANTZ FANON - UMA FORÇA POLÍTICA ANTICOLONIAL

 



Nesse artigo realizamos uma discussão teórica focalizada na análise desenvolvida por um dos principais intelectuais negro e militante anti-colonial, Frantz Fanon, em sua obra Os condenados da terra (1961). Nosso propósito é compreender a especificidade de sua análise sobre a classe social marginal africana (o lumpemproletariado), sua postura política e a importância do seu engajamento na luta anticolonial. Partiremos de uma teoria social das classes sociais, buscando compreender quem é o lumpemproletariado, quais são suas possibilidades políticas e, a partir daí, demonstrar como a análise de Fanon promoveu uma releitura e reavaliação positiva sobre a postura política dessa classe social, fornecendo uma contribuição expressiva para a teoria social contemporânea e para
a luta cultural anticolonial.
Palavras-chave: Capitalismo subordinado africano; Classe marginal;
Luta anticolonial.
https://drive.google.com/file/d/1YY3kdCLfTW8C1jYsdyRVNz4e6c4Z5fbL/view?usp=drive_link 

Nota sobre avaliação editorial e qualidade efetiva no campo acadêmico

A publicação de artigos em periódicos qualificados é, para muitos de nós, pesquisadores, uma etapa essencial na difusão do conhecimento crítico e no reconhecimento de nossas trajetórias investigativas. Entretanto, é preciso problematizar uma contradição recorrente entre a qualificação formal de determinadas revistas e as condições concretas de funcionamento editorial que muitas delas oferecem.

O artigo “O lumpemproletariado em Frantz Fanon – uma força política anticolonial” foi aprovado para publicação na edição de julho-dezembro de 2024 da revista História: Questões & Debates, periódico com reconhecida qualificação no campo. No entanto, até o presente momento (maio de 2025), sua publicação oficial não foi efetivada. Apesar dos esforços de contato, a comunicação institucional tem se mostrado falha, com ausência de respostas a e-mails, mensagens e questionamentos submetidos à plataforma editorial da revista.

Este não é um caso isolado, mas sintomático de um problema mais amplo: a distância crescente entre a avaliação baseada em indicadores formais e a experiência concreta dos autores no processo editorial. Essa situação reforça a necessidade urgente de construirmos critérios avaliativos mais sensíveis à qualidade real do trabalho editorial — que considerem o compromisso com prazos, a seriedade na comunicação e o respeito ao trabalho dos pesquisadores, sobretudo em tempos nos quais o produtivismo acadêmico pressiona cada vez mais a dinâmica da pesquisa e da publicação.

Mais do que um desabafo, este é um chamado à reflexão: é possível falar em excelência editorial quando o processo relega ao silêncio e ao esquecimento autores e artigos que, paradoxalmente, sustentam a própria reputação da revista?


sexta-feira, 16 de maio de 2025

Bebês reborn - a mercantilização do "afeto" em uma sociedade adoecida


Em meio a uma sociedade profundamente marcada pela solidão, pelo individualismo e pela decomposição dos vínculos humanos, surge mais uma bizarrice sintomática: os bebês reborn. Bonecos hiper-realistas que simulam recém-nascidos e são tratados por adultos — muitas vezes mulheres — como filhos reais. Alimentados, vestidos, carregados em carrinhos, "criados" com o cuidado que a própria vida concreta já não comporta.
O fenômeno pode parecer banal ou até cômico à primeira vista. Mas sua existência e difusão revelam uma dimensão muito mais perturbadora: a completa instrumentalização do afeto e da carência humana. Em um mundo onde a vida é banal, os vínculos dissolvidos e a maternidade tornada impossível ou dolorosa por exigências econômicas e biológicas, o capital encontra uma nova mercadoria para vender: o substituto simbólico de um vínculo que ele próprio destruiu.

A espetacularização desses bonecos, promovida por influenciadoras digitais e canais sensacionalistas, transforma a dor e o vazio em entretenimento emocional. Trata-se de uma versão vulgarizada da maternidade: sem riscos, sem partos, sem noites em claro — apenas o simulacro do amor materno em forma de silicone e tinta.

O bebê reborn é, enfim, a caricatura do cuidado em tempos de abandono sistemático. Um sintoma, não uma causa. Mais um espelho de uma sociedade incapaz de oferecer humanidade real, mas que nos vende — a peso de ouro — sua imitação mais patética.