
Manter viva a perspectiva marxista na academia exige não apenas coerência teórica, mas uma robustez psíquica capaz de suportar os efeitos práticos do antagonismo que ela expressa. Para indivíduos de psique frágil e personalidade vacilante — muitas vezes moldadas por uma socialização que prioriza a adaptação, o conformismo e o desejo de aceitação — o preço do comprometimento consequente com o marxismo costuma ser alto demais. O radicalismo inerente à teoria marxista, quando assumido com seriedade, não se traduz em teses abstratas, mas em posturas concretas que frequentemente levam ao isolamento, à marginalização e à perseguição silenciosa dentro de espaços como a universidade. A isso se soma o desejo mesquinho de "se dar bem", de conquistar prestígio, cargos e reconhecimento em ambientes dominados por convenções liberais, progressistas e pós-modernas, que repelem com aversão qualquer perspectiva teórica totalizante e revolucionária. Assim, diante do risco de ruptura com os círculos de sociabilidade acadêmica, muitos preferem esvaziar o marxismo de seu conteúdo revolucionário, adaptando-o à episteme burguesa ou simplesmente abandonando-o. Como já sugeria Fromm, o medo da liberdade — neste caso, da liberdade revolucionária — conduz ao refúgio na conveniência, no narcisismo intelectual e na covardia política, incompatíveis com qualquer projeto autêntico de transformação radical da sociedade.