Música para o Espírito

segunda-feira, 2 de junho de 2025

REVOLUCIÓN SOCIAL Y PARADIGMA SUBJETIVISTA EN LA OBRA DE JOHN HOLLOWAY

 



Su análisis percibe la existencia de la lucha de clases, pero desdibuja el horizonte de su posibilidad revolucionaria al reproducir la ideología reemplazante del proletariado de manera posestructuralista y neopopulista, es decir, reemplazando al proletariado revolucionario con “nuevas subjetividades colectivas” (Negri y Guattari, 2017 ), por las “masas” (Foucault, 1979), por la “multitud” (Hardt y NegrI, 2005) que en Holloway aparece como “nosotros”, la “gente común”, los “verdaderos héroes”, “el grito de negación”, pero no el proletariado.

Al ocultar en sus obras la historia del propio movimiento obrero, los intereses de clase que sus acciones y asociaciones revelaron en diferentes experiencias históricas, su potencial revolucionario expresado en la auto-organización de la lucha y, en consecuencia, en la autogestión de la sociedad. En su conjunto, también se ocultan los distintos intelectuales marxistas, entre ellos Anton Pannekoek, quien expresó en sus obras algunas de estas experiencias revolucionarias y sus lecciones aprendidas. Por esta y otras razones ya expuestas, las obras de Holloway no presentan una concepción marxista de la revolución social, sino más bien una concepción metafísica.

Otro elemento en particular llama nuestra atención en el paradigma subjetivista y en la obra de Holloway. Se trata del rechazo de la radicalidad que, en la corriente posestructuralista crítica, se presenta como la sustitución del proletariado por un sujeto colectivo metafísico (nuevas subjetividades colectivas, las masas, multitud, etc.). Holloway está significativamente influenciado por esta tendencia cuando piensa en la revolución social, ya que rechaza el proletariado, la revolución proletaria, la teoría marxista, así como una de sus categorías fundamentales (la totalidad).

Publicado en Buenos Aires, Argentina, dos décadas después de la publicación de Cambiar el mundo sin tomar el poder (2002), el trabajo más reciente de Holloway, titulado Hacia una teoría de la esperanza (2022), retoma los análisis de la revolución social contemporánea, pero sin presentar cambios importantes en relación con los trabajos ya analizados aquí, como en la política reemplazante del proletariado como clase revolucionaria por una subjetividad colectiva metafísica: el nosotros. Pues, al reemplazar al proletariado con un "nosotros abstracto", Holloway también reemplaza una concepción marxista de la revolución proletaria por una concepción subjetivista y metafísica de la “revolución”:

el consejo o comuna es un movimiento de autodeterminación: preguntando-escuchando-pensando, así podremos decidir cómo queremos que sea el mundo, no siguiendo los dictados ciegos del dinero y las ganancias. Y, quizás cada vez más importante, es una asunción de nuestra responsabilidad de dar forma al futuro de la vida humana. Si llegamos al punto de la extinción, de nada servirá decir el último día “todo es culpa de los capitalistas y sus estados”. No: será culpa nuestra si no quebrantamos el poder del dinero y quitamos al Estado nuestra responsabilidad por el futuro de la vida humana (Holloway, 2020, p. 138).

Finalmente, la forma en que Holloway expresa su concepción, mezclando selectivamente algunos elementos aislados del marxismo, con elementos de tendencias posestructuralistas críticas y eclécticas en su análisis de la revolución social, da lugar a otra ideología: el pseudomarxismo subjetivista. Fue con él que Holloway adquirió un lugar de reconocimiento intelectual, proporcionando “otro ladrillo en la pared” de la contrarrevolución cultural preventiva contemporánea.

Revista Bajo el Vólcan - Ano 06, Número 12, 2025 - Puebla de Zaragoza, México:

https://bajoelvolcanx.buap.mx/index.php/bajovolc/article/view/844/713


segunda-feira, 26 de maio de 2025

O LUMPEMPROLETARIADO EM FRANTZ FANON - UMA FORÇA POLÍTICA ANTICOLONIAL

 



Nesse artigo realizamos uma discussão teórica focalizada na análise desenvolvida por um dos principais intelectuais negro e militante anti-colonial, Frantz Fanon, em sua obra Os condenados da terra (1961). Nosso propósito é compreender a especificidade de sua análise sobre a classe social marginal africana (o lumpemproletariado), sua postura política e a importância do seu engajamento na luta anticolonial. Partiremos de uma teoria social das classes sociais, buscando compreender quem é o lumpemproletariado, quais são suas possibilidades políticas e, a partir daí, demonstrar como a análise de Fanon promoveu uma releitura e reavaliação positiva sobre a postura política dessa classe social, fornecendo uma contribuição expressiva para a teoria social contemporânea e para
a luta cultural anticolonial.
Palavras-chave: Capitalismo subordinado africano; Classe marginal;
Luta anticolonial.
https://drive.google.com/file/d/1YY3kdCLfTW8C1jYsdyRVNz4e6c4Z5fbL/view?usp=drive_link 

Nota sobre avaliação editorial e qualidade efetiva no campo acadêmico

A publicação de artigos em periódicos qualificados é, para muitos de nós, pesquisadores, uma etapa essencial na difusão do conhecimento crítico e no reconhecimento de nossas trajetórias investigativas. Entretanto, é preciso problematizar uma contradição recorrente entre a qualificação formal de determinadas revistas e as condições concretas de funcionamento editorial que muitas delas oferecem.

O artigo “O lumpemproletariado em Frantz Fanon – uma força política anticolonial” foi aprovado para publicação na edição de julho-dezembro de 2024 da revista História: Questões & Debates, periódico com reconhecida qualificação no campo. No entanto, até o presente momento (maio de 2025), sua publicação oficial não foi efetivada. Apesar dos esforços de contato, a comunicação institucional tem se mostrado falha, com ausência de respostas a e-mails, mensagens e questionamentos submetidos à plataforma editorial da revista.

Este não é um caso isolado, mas sintomático de um problema mais amplo: a distância crescente entre a avaliação baseada em indicadores formais e a experiência concreta dos autores no processo editorial. Essa situação reforça a necessidade urgente de construirmos critérios avaliativos mais sensíveis à qualidade real do trabalho editorial — que considerem o compromisso com prazos, a seriedade na comunicação e o respeito ao trabalho dos pesquisadores, sobretudo em tempos nos quais o produtivismo acadêmico pressiona cada vez mais a dinâmica da pesquisa e da publicação.

Mais do que um desabafo, este é um chamado à reflexão: é possível falar em excelência editorial quando o processo relega ao silêncio e ao esquecimento autores e artigos que, paradoxalmente, sustentam a própria reputação da revista?


sexta-feira, 16 de maio de 2025

Bebês reborn - a mercantilização do "afeto" em uma sociedade adoecida


Em meio a uma sociedade profundamente marcada pela solidão, pelo individualismo e pela decomposição dos vínculos humanos, surge mais uma bizarrice sintomática: os bebês reborn. Bonecos hiper-realistas que simulam recém-nascidos e são tratados por adultos — muitas vezes mulheres — como filhos reais. Alimentados, vestidos, carregados em carrinhos, "criados" com o cuidado que a própria vida concreta já não comporta.
O fenômeno pode parecer banal ou até cômico à primeira vista. Mas sua existência e difusão revelam uma dimensão muito mais perturbadora: a completa instrumentalização do afeto e da carência humana. Em um mundo onde a vida é banal, os vínculos dissolvidos e a maternidade tornada impossível ou dolorosa por exigências econômicas e biológicas, o capital encontra uma nova mercadoria para vender: o substituto simbólico de um vínculo que ele próprio destruiu.

A espetacularização desses bonecos, promovida por influenciadoras digitais e canais sensacionalistas, transforma a dor e o vazio em entretenimento emocional. Trata-se de uma versão vulgarizada da maternidade: sem riscos, sem partos, sem noites em claro — apenas o simulacro do amor materno em forma de silicone e tinta.

O bebê reborn é, enfim, a caricatura do cuidado em tempos de abandono sistemático. Um sintoma, não uma causa. Mais um espelho de uma sociedade incapaz de oferecer humanidade real, mas que nos vende — a peso de ouro — sua imitação mais patética.

segunda-feira, 14 de abril de 2025

HUMANISMO E UTOPIA EM A ILHA DE ALDOUS HUXLEY

 


REVISTA DESPIERTA 17:

HUMANISMO E UTOPIA EM A ILHA DE ALDOUS HUXLEY

Lucas Maia

A utopia abstrata de Huxley tinha que acabar assim: a) com o fim da Pala utópica; b) com a proposição da verdade transcendental como verdadeira resposta ao drama humano na terra; c) mais do que uma fé no futuro humano realizado, plenificado, sua utopia abstrata revela um desespero ou descrença na possibilidade de edificação de um verdadeiro “céu na terra” e, de certa forma, uma impotência diante do capital e do Estado; d) o fim da Pala utópica é a anti-utopia do capital: modernização, indústria, militarismo, golpe de Estado, petróleo, comércio, cobiça, competição, ganância etc.; e) a cena final é desesperadora, termina com um golpe de Estado, mas é também reveladora: a verdade está na vida e na prática transcendental, no desapego. O que é também desesperador do ponto de vista político; f) No fim, de alguma forma, o que nos ensina A Ilha de Huxley, é que uma verdadeira utopia concreta, para lembrar a terminologia blochiana, não pode ser numa ilha isolada do mundo, tem que ser global. Ou seja, a Utopia de Morus, a Cidade do Sol de Campanella, A Nova Atlântida de Bacon, a Icária de Cabet, o Eldorado de Voltaire etc. foram possíveis em seu tempo. Desde que o capital se tornou esta realidade global, qualquer utopia, para ser concreta, deve partir da superação do isolamento insular.

Considerações finais

À guisa de conclusão, diria que a utopia de Huxley é uma das melhores já escritas, como, de resto, é a maioria de seus escritos. É uma utopia profunda, filosoficamente desenvolvida, descreve a vida humana de modo intenso e não caricatural. Sua fé na vida melhor, feliz, realizada, bem como sua erudição e sensibilidade literária levaram sua obra a níveis bastante elevados. Contudo, sua má compreensão do marxismo (como utopia concreta), sua desconsideração pelos processos sociais reais, a luta de classes, como forma de consecução de uma verdadeira utopia, bem como seu misticismo acabaram por conduzir A Ilha aos tão limitadores horizontes de uma utopia abstrata.

Em: https://redelp.net/index.php/rd/article/view/1579




sexta-feira, 17 de maio de 2024

ANTICAPITALISMO OU LUTA CULTURAL PROGRESSISTA? UMA CRÍTICA A ERIC OLIN WRIGHT



LISANDRO BRAGA

A ideia central que pretendemos desenvolver é a seguinte: a pré-condição para Eric Olin Wright (2012, 2019) “inovar” no suposto campo da estratégia socialista de transformação social, e até mesmo regressar ao socialismo pré-marxista, é a de ocultar o próprio Marx e toda sua elaboração e contribuição teórica (teoria da consciência, teoria da revolução social proletária, teoria das classes sociais, teoria do mais-valor e da dinâmica social capitalista etc.) dificultando assim, evidenciar que suas teses são, quando muito, pseudomarxistas e converge com os interesses do bloco progressista que passa, fundamentalmente, pelo fortalecimento da democracia burguesa, pela conquista do poder estatal (partidos de esquerda) através do sistema eleitoral para tornar regular o capitalismo neoliberal, mas com discurso neopopulista (igualdade, democracia, cidadania, solidariedade) e microreformismo estatal neoliberal (distribuição de renda básica, cooperativismo, empreendedorismo etc.).

Nesse sentido, é pré-condição ocultar a perspectiva do proletariado e seu signo revolucionário: a autogestão social. Wright (2019), assim como tantos outros na contemporaneidade (HOLLOWAY, 2003; HARVEY, 2004), são casos exemplares dessa ocultação e deformação. Para isso recuperaremos o significado marxista de revolução social no capitalismo, bem como demonstraremos que esse foi ocultado e deformado ao longo do século XX, e segue tendo muitas contribuições para a reprodução dessa ocultação e deformação na contemporaneidade, inclusive na própria obra de Eric Olin Wright. Essa prática da intelectualidade não pouco despropositada, visto que é realizada por intelectuais amplamente renomados, reconhecidos e propagandeados como um dos “marxistas contemporâneos mais dialéticos”, “um dos mais importantes sociólogo marxista”, tal como Wright é denominado por outro renomado intelectual progressista (BRAGA, 2021), em uma renomada revista alinhada ao bloco progressista (JACOBIN, 2021), cujo editor também compartilha da mesma perspectiva (SUNKARA, 2021), publicado em grandes editoras (capital comunicacional) progressistas (BOITEMPO, 2019) no fundo, representa uma luta cultural implementada por intelectuais e instituições historicamente vinculadas e pertencentes a esse bloco social, quer dizer, atuando em defesa dos seus interesses políticos, acadêmicos, econômicos, partidários etc. no capitalismo contemporâneo. Essa é a tese que sustentaremos nesse artigo:

domingo, 17 de dezembro de 2023

SOCIOLOGIA e PSEUDOMARXISMO - IDEOLOGIAS BURGUESAS

 


Assim como a sociedade capitalista não emergiu “da noite para o dia”, pois precisou de um extenso processo histórico de constituição (três séculos aproximadamente), a episteme burguesa também não nasce pronta, uma vez que sua consolidação dependeu da consolidação da própria sociedade capitalista. Sua primeira fase de constituição foi elementar, porém, com a sucessão do regime de acumulação extensivo para o regime de acumulação intensivo (ORIO, 2020) a episteme burguesa ganha corpo e adquire uma forma mais desenvolvida.

Nesse mesmo regime de acumulação, emerge também o movimento revolucionário do proletariado e, por conseguinte, a constituição da episteme marxista. A existência dessa pressionará a burguesia a sistematizar uma política cultural antagônica à radicalização política dessa classe social e à episteme que a expressava teoricamente. Não gratuitamente, a maior obsessão da Sociologia (ideologia burguesa), tanto da clássica que nascia, quanto da contemporânea, foi e é a de promover uma desqualificação da suposta teoria marxista, suposta pois a academia mal conhece a produção teórica de Karl Marx, quando muito, o criticam através da leitura de suas caricaturas ideológicas pseudomarxistas ou de supostos críticos e seus mantras psittaciformes[1].

A episteme burguesa veio se constituindo historicamente, desde a emergência da classe burguesa no século XVI (Renascentismo), e consolidou seu primeiro paradigma nos fins do século XIX, com o desenvolvimento do positivismo. Apesar de suas bases serem oferecidas pelo iluminismo e pelo romantismo nas discussões mais abstratas, sua grande fonte inspiradora para o plano concreto foram as Ciências Naturais que, a partir de então, ganha grande credibilidade, status de conhecimento científico, reconhecimento intelectual, respeitabilidade, valores, interesses e disputas próprias da esfera científica (VIANA, 2019).

O positivismo hegemônico nas Ciências Naturais torna-se o “espírito da época” com seus campos mentais, axiomáticos, linguísticos, analíticos e seu modo subjacente de pensar próprio, que se propagandeará por um determinado tempo na sociedade capitalista. Para esse paradigma, o que conta é a ideia de positividade enquanto um saber científico objetivo (objetividade) e neutro (neutralidade) diante da realidade a ser investigada.

A partir do positivismo emergirá diversas novas ciências, tal como as Ciências Humanas no século XIX, que estabelecerá, em sua versão original e sociológica (Comte e Durkheim) uma unidade metodológica entre Ciências Naturais e Ciências Humanas. A força hegemônica do paradigma positivista no regime de acumulação intensivo não poupou nem mesmo aqueles intelectuais que passavam a se autointitular “marxistas”.

A ideologia pseudomarxista foi inicialmente sistematizada por Karl Kautsky (1854-1938), contudo o que um estudo pormenorizado da sua biografia, dos seus vínculos políticos (social-democracia), das suas influências intelectuais (Darwin, Henry T. Buckle, Andrew Lang, Engels[, todos positivistas e o último positivista e social-democrata), das suas próprias reflexões intelectuais e suas confissões apontam para uma constatação indubitável: Kautsky nunca foi marxista (MATTICK, 1988; MATHIAS, 1988).

O contato de Kautsky com o “marxismo” se dá mediado pela leitura de Engels (Anti-Dühring) e com uma forte influência do positivismo (cientificismo) em suas concepções intelectuais (PROCCACI, 1988). O aprofundamento no conhecimento da episteme marxista poderia ter levado Kautsky a romper com o positivismo. O problema é que a pré-condição para isso passaria por partir da perspectiva do proletariado, mas, não é o que ocorre, pelo contrário, a partir de seu revisionismo do “marxismo” (ideologia pseudomarxista), Kautsky produz uma ideologia que é expressão dos interesses de outra classe social, a burocracia em sua fração partidária social-democrata. Eis aqui la raison d’être da ideologia pseudomarxista.




[1] Conjunto de aves que compreende as espécies de papagaio, arara, calopsita etc., muito conhecidas por terem a capacidade de repetirem o que escutam frequentemente.