Música para o Espírito

domingo, 2 de agosto de 2015

Origens e Princípios do Comunismo de Conselhos


Lucas Maia - Professor no Instituto Federal de Goiás e Militante Autogestionário

Resumo: O comunismo de Conselhos foi uma perspectiva teórica e política que se desenvolveu a partir da movimentação operária ocorrida na Europa (Rússia, Alemanha, Holanda, Itália etc.) nas duas primeiras décadas do século 20. Este texto busca demonstrar com a maior clareza possível como se desenvolveu esta corrente. Nosso pressuposto é de que as idéias não se desenvolvem por si mesmas, independentemente das relações sociais concretas. Assim, demonstramos na primeira parte como o Comunismo de Conselhos se desenvolve a partir das lutas operárias ocorridas no início do século 20. Em seguida, demonstramos como esta tendência difere radicalmente do bolchevismo, da social-democracia (comunismo de partido) e do sindicalismo. O Comunismo de Conselhos caracterizou-as como burocráticas. Por último apresentamos o que consideramos ser a essência do Comunismo conselhista, seus principais princípios.

 Palavras-chave: Conselhos Operários; Crítica da Burocracia; Comunismo de Conselhos.

Abstract: Council communism was a political and theoretical perspective that has developed from the working class movement that occurred in Europe (Russia, Germany, Holland, Italy etc..) In the first two decades of the 20th century. This text seeks to demonstrate as clearly as possible how it developed this current. Our assumption is that ideas do not develop by themselves, regardless of the actual social relations. Thus, we demonstrate the first part as council communism grows out of workers' struggles that occurred in the early 20th century. Next, we demonstrate that this trend differs radically from the Bolsheviks, the Social Democracy (Communist Party) and unionism. Communism Councils characterized them as bureaucratic. Finally we present what we consider to be the essence of the Community Council, its main principles.
Keywords: Workers Councils; Critique of bureaucracy; Communism Councils.

 Introdução 

Este texto visa apresentar os aspectos fundamentais do que ficou conhecido como Comunismo de Conselhos. Tal corrente foi bastante marginalizada ao longo da história do século 20. Isto não é nenhuma novidade. A história dominante sempre foi a história da classe dominante. Aqueles que vencem as batalhas históricas contam-nas à sua maneira, destacando os acontecimentos, indivíduos, idéias que lhes são mais adequados. Na maioria das vezes, estes acontecimentos nem são os mais importantes ou quando o são, são distorcidos; os indivíduos são personificados; as idéias são deturpadas ou mesmo esquecidas. O Comunismo de Conselhos é uma expressão clara deste processo. Seus principais autores: Pannekoek, Korsch, Rühle, Gorter, Canne-Mejer, Mattick etc. são ilustres desconhecidos. Mesmo produzindo obras fundamentais, idéias seminais, não passam de alguns nomes (exóticos) estampados na lista de autores marxistas. Por que se deu desta maneira? O que é o Comunismo de Conselhos? Como se formou? Quais suas principais teses ou idéias fundamentais? Responder estes questionamentos é o desafio que temos à frente. 

A origem do Comunismo de Conselhos

 A história do comunismo de conselhos é a própria história do movimento operário. Trata-se de uma vinculação orgânica entre luta revolucionária do proletariado e produção teórica revolucionária expressando os interesses do proletariado. O que quero dizer com isto é que a produção das idéias não é desvinculada da prática social dos indivíduos que as produzem (MARX & ENGELS, 2002a). Assim, o desenvolvimento das idéias é um processo complexo efetivado pelos indivíduos na apreensão, compreensão e explicação da vida concreta. Numa sociedade fracionada em classes sociais, tal como a que vivemos, a produção de explicações sobre a realidade varia de indivíduo para indivíduo, de grupo social para grupo social, e principalmente, de classe social para classe social. Conscientemente ou não, as teorias, ideologias sobre o mundo são a perspectiva de uma ou outra classe social. Na sociedade  capitalista temos três classes de grande expressão social e também no que se refere à produção de idéias: a burguesia e o proletariado, que são as classes fundamentais do capitalismo, e a burocracia, que é uma classe auxiliar da burguesia . De maneira esquemática, podemos dizer que um indivíduo ou grupo de indivíduos produz suas teorias ou ideologias sobre o mundo tendo como referência ou perspectiva uma ou outra destas classes sociais. A burguesia e a burocracia, e demais classes que se aliam a elas (intelectualidade, por exemplo), visam manter o mundo como ele é, manter as relações sociais de produção e reprodução da vida como elas são. Pelo contrário, o proletariado e todas as classes que podem se aglutinar a ele (campesinato, lupemproletariado e demais classes oprimidas) tem o interesse em expor a verdade sobre suas condições de vida. Assim, para se chegar a uma compreensão verdadeira da realidade, deve-se partir da perspectiva do proletariado, ou seja, deve-se expressar os interesses desta classe. Acreditamos ser o marxismo e o comunismo de conselhos (uma continuação e aprofundamento do marxismo original de Marx e Engels) uma das teorias que melhor expressa os interesses de classe do proletariado. O comunismo de conselhos é, portanto, um aprofundamento do marxismo, ou melhor, é a atualização do marxismo às condições da luta operária do início do século 20. Marx e Engels desenvolveram suas teses em meados do século 19 e expressaram de maneira aprofundada a lógica da luta de classes do período. Quando desenvolveram suas teses, existia dentro dos círculos revolucionários um conjunto de grupos e tendências que criticavam a sociedade capitalista e se afirmavam como socialistas, mas não viam no movimento operário algo importante para a constituição da sociedade futura. Marx elaborou durante toda a sua vida um trabalho de crítica severa às concepções que não viam no movimento operário a tendência de destruição da sociedade capitalista e afirmação da futura sociedade, a sociedade autogerida. O produto desta crítica foi a constituição do materialismo histórico-dialético, ou seja, uma teoria e um método de análise da sociedade. Fique bem claro que a perspectiva da qual Marx partiu para elaborar sua teoria e seu método foi a do proletariado. Mas Marx viveu num período de grandes lutas operárias. A revolução de 1848 e a Comuna de Paris de 1871 são as expressões mais radicais destas lutas. O que Marx visava com sua teoria era expressar a dinâmica destas lutas e explicá-las para que o movimento se nutrisse delas e se tornasse assim mais radical, mais revolucionário. A Comuna de Paris foi a última experiência revolucionária do proletariado durante o século 19. Deste período até as ondas revolucionárias do início do século 20, o movimento operário vivenciou um retrocesso, uma calmaria de expressão da luta revolucionária. Se o movimento operário, em sua prática social é conservador, a tendência (veja que estou dizendo tendência e não a totalidade) é que o conjunto de autores, grupos sociais, organizações que se vinculam ao proletariado também recuem em sua crítica. Foi justamente isto o que aconteceu. O marxismo revolucionário elaborado por Marx foi ao longo das últimas décadas do século 19 sendo deformado. Os primeiros sinais desta deformação foram criticados pelo próprio Marx, quando ele escreveu A Crítica ao Programa de Gotha (1875). O Programa de Gotha foi o programa elaborado quando da fundação do Partido social-democrata Alemão. Nesta ocasião, reuniram-se na cidade de Gotha (Alemanha) alguns “marxistas” e alguns “lassalistas” e criaram o programa deste partido. Marx refuta ponto por ponto o programa, afirmando, em linhas gerais, que as reivindicações ali existentes não eram reivindicações revolucionárias, sendo que várias delas já eram práticas correntes em alguns países europeus da época. Não vamos aqui analisar tal programa, mas queremos ressaltar que no momento em que a luta operária recuou enquanto luta revolucionária, as condições para a deformação da teoria revolucionária foram dadas. E foi o que aconteceu. A criação da SocialDemocracia é a prova cabal deste processo. De maneira caricatural, podemos dizer que a social-democracia se caracteriza pela tentativa de conquistar o poder estatal e demais instituições burocráticas da sociedade (tal como os sindicatos) via processo eleitoral. A grande tese da social-democracia é a de se chegar à sociedade socialista efetuando reformas com a intenção de melhorar as condições de vida da classe trabalhadora. A revolução é abandonada. É substituída pelas reformas feitas pelo estado via parlamento. Daí deriva sua estratégia política: colocar cada vez mais representantes do partido dentro dos quadros do estado. O problema é que para se chegar ao poder de estado, respeitando a legislação burguesa, é necessário fazer-se muitos acordos e ao chegar-se ao poder, o máximo que se pode fazer é reproduzir as relações que colocaram os membros do partido no poder de estado. O partido social-democrata torna-se a grande “organização” dos trabalhadores, chegando a ter mais de um milhão de filiados na Alemanha. O partido começa a conquistar algumas municipalidades nos países onde não é clandestino, começa a ter representantes dentro do parlamento, enfim, passa a ser a legítima “organização” dos trabalhadores e na maioria dos países, reconhecida pelo estado. Em linhas gerais, a social-democracia é a expressão mais genuína da burocratização e recuo da luta operária. O conjunto de autores e instituições que se desenvolveram no seio dela é algo gigantesco. A social-democracia, principalmente a alemã, tinha em seu poder um conjunto de associações, de sindicatos, clubes, escolas, imprensa etc. o que a tornava uma poderosa e robusta instituição. Este fato levou Anton Pannekoek, um dos principais autores ligados ao comunismo de conselhos, a denominar o partido socialdemocrata de “parlamento do trabalho”, ou seja, um estado à parte dos trabalhadores, mas que diz representá- lo. Obedece à legislação burguesa, tem nos processos eleitorais sua principal meta e estratégia etc. Enfim, tudo aquilo que caracteriza o parlamento burguês. Para colocar em funcionamento toda esta estrutura era necessário um conjunto de funcionários, os quais se tornavam uma classe independente do proletariado. Tal classe já havia sido identificada no final do século 19 e primeiros anos do século 20 por Jam Waclav Makhaïski. Ele denominava-a de Inteligentsia. Hoje, podemos com muito mais precisão terminológica, denominá-la burocracia partidária. O que Marx viu em 1875, quando da fundação do partido, foi somente o gérmen, o embrião de uma classe que viria a se tornar uma das grandes inimigas do movimento operário revolucionário, a burocracia partidária (não importa se esta burocracia é de esquerda, de direita ou de centro; se é comunista, trabalhista ou qualquer outro nome que se queria dar. Independente do nome, o que importa analisar é a prática social que esta classe efetiva no seio da sociedade capitalista. E esta prática é burguesa e burocrática). A grande preocupação dos dirigentes do partido passa a ser eleições, colocar quadros do partido dentro do parlamento, conquistar o poder de municipalidades, enfim, colocar membros do partido dentro dos quadros do estado via processo eleitoral. Esta passa a ser a grande estratégia e prática política do partido social democrata. No seio do partido, alguns militantes começam a questionar tal prática e estratégia. Formam-se três tendências: a) o revisionismo; b) o centro; c) e a esquerda. O revisionismo era representado por Berstein e este defendia expressamente que o movimento operário deveria abandonar o ideal revolucionário e depositar todas as suas esperanças na ação parlamentar de seus representantes. O centro, representado por Kautsky, defendia ainda o que ficou conhecido como marxismo “ortodoxo”, ou seja, Kautsky e seus discípulos defendiam uma idéia abstrata de revolução, mas em sua prática política, almejavam mesmo era o crescimento do partido, era a conquista de cadeiras no estado etc. Por fim, a esquerda do partido apoiava a ação espontânea das massas, defendia a transformação social como produto de um processo revolucionário etc. A esquerda do partido era uma oposição dura às demais tendências. Nesta esquerda, vários autores se coadunavam, principalmente na Alemanha e Holanda. Militantes do partido como Gorter, Pannekoek, Rühle, Rosa Luxemburgo, Leo Jogiches, Paul Levy etc. compõem esta fileira. Vários deles é que vão dar origem ao que ficou conhecido como comunismo de conselhos. Este conjunto de autores fez uma dura crítica às práticas e proposições ideológicas do partido social-democrata. Entretanto, havia um esforço muito grande entre eles para não permitir que o partido “rachasse” ou fragmentasse, pois havia o entendimento de que o partido socialdemocrata era o movimento operário. Tal engano se desfez completamente quando em 1914, os dirigentes do partido que compunham o parlamento alemão votaram a favor dos créditos de 107 guerra. Isto significava que o partido estava aprovando os gastos do estado alemão com a primeira guerra mundial, uma guerra caracteristicamente imperialista. Isto implicou num racha definitivo dentro do partido. As discordâncias teóricas e estratégicas entre o revisionismo e o centro de um lado e a esquerda do partido de outro, chegaram a extremos neste período. Assim, o conjunto de militantes ligados à esquerda do partido saiu em massa. Entretanto, somente as discordâncias teóricas e estratégicas entre os militantes do partido social-democrata são insuficientes para explicar a origem do comunismo de conselhos. Isto é fácil de verificar. Saíram do partido socialdemocrata alemão em 1914, mas só se constituiu o comunismo de conselhos em meados da década de 1920. Por quê? Vimos que a esquerda do partido tinha severas críticas às concepções do partido social-democrata. Criticavam seu “marxismo”, o qual julgavam mecanicista e positivista; criticavam as estratégias do partido, as quais consideravam conservadoras, visto que não almejavam e não desejavam o processo revolucionário; e por último, criticavam a prática do partido, que era deliberadamente burguesa e reacionária. Enfim, ideologia, estratégia e prática do partido eram uma totalidade única, indissolúvel. Esta crítica foi importante, mas a determinação fundamental, o elemento central é sem sombra de dúvidas a reemergência do movimento operário revolucionário. Como dissemos no início, as idéias não pairam independentes do mundo concreto, elas são uma totalidade com este mundo. Assim, se durante as últimas décadas do século 19 e a primeira do século 20, o movimento operário viveu um grande retrocesso, sendo a expressão política deste período a social-democracia, durante a re-emergência da luta, no período das revoluções russa, húngara, alemã, italiana etc., o comunismo de conselhos foi seu produto verdadeiro. Assim, a formação dos conselhos operários, como a nova forma de organização dos trabalhadores, é o elemento fundamental no surgimento do comunismo de conselhos. Durante todo o século 19, o capitalismo vivenciou um período conhecido como regime de acumulação extensivo, ou como é mais conhecido, “capitalismo livreconcorrencial”. Somente no final deste século, é que este regime de acumulação encontra dificuldades crescentes em se reproduzir. O início do século 20 vivencia um novo regime de acumulação, o intensivo, também chamado de “capitalismo monopolista”. Este regime já apresenta graves problemas nas duas primeiras décadas do século 20. A primeira Guerra Mundial e as várias tentativas de revolução na Europa bem o demonstram. Mas o que é importante no entendimento do Comunismo de Conselhos é a compreensão da dinâmica da luta operária. Em 1905, na Rússia, surgiu uma nova forma de luta, de organização dos trabalhadores. Uma forma que foi esboçada durante a Comuna de Paris de 1871, mas que foi pouco desenvolvida, a forma conselho. Tendo sido esboçados na Comuna de Paris e desenvolvidos de maneira generalizada na revolução Russa de 1905, os conselhos operários se apresentaram como a nova forma da luta operária. As novas revoluções são as criadoras e o produto de uma nova forma de luta, os conselhos operários. A revolução russa de 1917, em sua primeira fase, teve nestas organizações, os sovietes, seu aspecto fundamental. Se na revolução de 1905, esta forma de luta ficou restrita a algumas cidades, durante a revolução de 1917, elas se generalizaram por todo o território russo. Mas não ficaram restritas a este país. Na revolução alemã de 1918 a 1921, os conselhos de operários e soldados foram o fulcro essencial. Também na Itália, durante a rebelião de 1919 em Turim e demais cidades industriais, os conselhos foram a forma de luta criada pelos trabalhadores . A luta dos trabalhadores para criar organizações permanentes e reconhecidas durante o século 19 foi uma dura batalha. Neste processo, duas formas distintas e complementares de organização se formaram: os partidos e os sindicatos. Durante as lutas do início do século 20, uma nova forma foi desenvolvida, os conselhos operários. Como afirma Pannekoek (1977), os sindicatos revolucionários são o produto do período histórico do pequeno capital, onde os oligopólios ainda não haviam se formado, onde o estado ainda não regularizava a organização sindical etc. Com o desenvolvimento do grande capital, os sindicatos perderam toda sua autonomia e se tornaram organizações para o capital. Os trabalhadores não tinham já mais controle sobre as organizações que haviam criado no século passado. E os partidos políticos? Processo semelhante. A única diferença é que os partidos já se formam não como organização de trabalhadores, mas como organizações de burocratas independentes dos trabalhadores. O caso do partido social-democrata, como demonstramos linhas atrás, ilustra bem este processo. Resumidamente, temos que: a) a determinação fundamental para o surgimento do comunismo de conselhos foi naturalmente o surgimento dos conselhos operários como forma de organização e luta concreta dos trabalhadores; b) compõe este processo a crítica à ideologia, estratégia e prática política dos partidos social-democrata e bolchevique, bem como dos sindicatos. Enfim, a elaboração de uma crítica às burocracias partidárias e sindicais; c) um outro aspecto é o desenvolvimento do marxismo original. Os comunistas conselhistas eram autores vinculados ao marxismo, ou seja, tinham no materialismo histórico-dialético sua perspectiva teórica de análise da realidade. Sua elaboração teórica significou a adequação e aprofundamento do marxismo às condições da luta operária das primeiras décadas do século 20. Vejamos agora, a posição do comunismo de conselhos diante das demais tendências que defendiam os partidos políticos e os sindicatos como formas de luta e emancipação dos trabalhadores.

 Comunismo de partido, de sindicato ou comunismo de conselhos? A crítica da burocracia 

Os conselhos operários expressaram aquilo que ficou conhecido como “o novo movimento operário”. A forma partido e a forma sindicato dominaram a 109 história do movimento operário durante grande parte do século 19 e também, por que não dizer, durante todo o século 20. Entretanto, tornaram-se formas de dominação do proletariado. Tanto isto é verdade, que toda vez que há a ascensão da luta operária e formam-se os conselhos operários são quase sempre em oposição aos partidos e aos sindicatos, que não os desejam. A constituição dos conselhos operários como forma e conteúdo da luta operária expressa uma nova maneira de ação concreta dos trabalhadores. Os partidos políticos ditos representantes dos trabalhadores, nesta época (início do século 20), destacam-se o partido social-democrata, do qual o partido alemão era mais expressivo, e os partidos comunistas (PC), do qual o PC russo, após a tomada do poder pelos bolcheviques em outubro de 1918, era o mais poderoso . Da mesma forma os sindicatos. Surgiram como organizações de trabalhadores durante as lutas operárias do século 19. À medida que o grande capital foi se constituindo em oligopólios, tornando-se cada vez mais poderoso e burocrático, à medida que o estado capitalista foi regularizando a situação dos sindicatos, dando-lhes legalidade e por conseqüência uma legislação própria que os regulasse, impondo-lhe limites de ação etc., esta organização de trabalhadores torna-se cada vez mais afastada dos trabalhadores. Cria-se uma poderosa burocracia sindical, que embora fale em nome dos trabalhadores, não são mais trabalhadores nem muito menos representam os interesses de classe do proletariado. Os partidos políticos e os sindicatos significam o fortalecimento no seio da sociedade capitalista de uma classe social antagônica ao proletariado: a burocracia partidária e sindical. O modo de produção capitalista é constituído por duas classes fundamentais, a burguesia e o proletariado. Entretanto, estas não são as únicas, existe um conjunto de outras classes que pela posição na produção, modo de vida, rendimentos, valores, etc. se aproximam ora da burguesia, ora do proletariado. A burocracia é uma destas. Entrementes, a burocracia é uma classe fracionada, tendo em seu interior aqueles estratos com maior e menor rendimentos (Viana, 2008a). Via de regra, os estratos da burocracia com maiores rendimentos (altos burocratas do estado, magistrados, executivos de grandes empresas etc.) apresentam modo de vida, valores e mentalidade que se aproximam da burguesia; pelo contrário, os estratos com menores rendimentos, devido a seu modo de vida, valores e mentalidade tendem a se aproximar do proletariado. São geralmente estes estratos que compõem os representantes sindicais e partidários da classe trabalhadora. A grande questão é que a burocracia como classe distinta tanto da burguesia como do proletariado tem interesses particulares de classe. No final das contas, dentro da sociedade capitalista, a burocracia é sempre uma classe auxiliar da burguesia, tanto em seus estratos superiores quanto inferiores. Os sindicatos e os partidos autodenominados operários não são outra coisa senão uma expressão dos interesses de classe da burocracia. Ao fortalecer-se esta fração da burocracia (sindical e partidária), fortalece-se na mesma medida as relações de produção capitalistas. Um dos grandes méritos do comunismo de conselhos foi identificar o caráter essencialmente contra-revolucionário dos partidos e dos sindicatos. Todo o discurso “revolucionário” que dominava no seio da classe operária no início do século 20 tinha na questão parlamentar, ou seja, conquista do poder de estado, e na questão sindical, ou seja, melhoria das condições de vida do trabalhador dentro da sociedade capitalista, todo seu sustentáculo ideológico e guias de ação política. A ação prática dos trabalhadores, criando seus conselhos de operários e soldados e a produção teórica sobre esta prática, expressa principalmente pelos autores que ficaram conhecidos como comunistas conselhistas, são uma total oposição à burocracia e seus representantes ideológicos, os “comunistas” de partido e de sindicato. Uma relação fundamental das sociedades de classes se reproduz no interior dos partidos e sindicatos: a relação entre dirigentes e dirigidos. Toda organização burocrática é fundada nesta relação, fulcro do burocratismo. Nos conselhos operários, tal relação é abolida. Os conselhos se caracterizam, contrariamente aos sindicatos, que se organizam por categoria profissional, pela organização que tem no local de trabalho seu locus prioritário. Dentro de uma fábrica, por exemplo, os conselhos são formados por membros reconhecidamente eleitos das várias seções de que se compõe a fábrica. Estes delegados não têm função legislativa, mas tão somente executiva, ou seja, os conselhos põem em funcionamento as decisões que o conjunto dos trabalhadores da fábrica em questão decidiu em suas várias seções. Ou seja, os conselhos não são um poder sobre os trabalhadores, pelo contrário, são expressões do poder coletivo dos trabalhadores autoorganizados. Ao romper com a relação entre dirigentes e dirigidos, os conselhos eliminam os mediadores, os políticos profissionais, eliminam também a divisão entre luta econômica e luta política, divisão que tanto prejudicou a classe operária e favoreceu os partidos políticos. Vê-se, deste modo, que a constituição dos conselhos operários conforma uma unidade da classe trabalhadora. A implicação mais séria disto é a criação das condições para a constituição de uma sociedade radicalmente distinta, a sociedade autogerida. Diante do exposto, é fácil perceber que a acolhida dos partidos e dos sindicatos aos conselhos operários não é nada amigável. Também, a resposta dos intelectuais que representam os interesses das burocracias partidária e sindical não foi nada amistosa com relação aos intelectuais e militantes que defendiam e expressavam teoricamente os conselhos. Ilustrativo disto foi o texto que Lênin escreveu em 1921, intitulado: “O Esquerdismo: Doença Infantil do Comunismo”. O panfleto não é integralmente destinado contra estes autores, mas em grande medida aponta suas armas contra eles, principalmente Gorter, Pannekoek, Rhüle etc. Em que pese nesta data ainda não existisse a corrente intitulada comunismo de conselhos, que só veio a se consolidar mesmo em meados da década de 1920. Este conjunto de autores, devido ao panfleto de Lênin, ficou largamente conhecido como esquerdistas, expressão tida neste contexto como sendo pejorativa. A emergência dos conselhos operários representou então a constituição de uma nova concepção da teoria marxista e revolucionária. Os comunistas 111 conselhistas retomaram o pensamento original de Marx e o levaram às últimas conseqüências, analisando a ascensão da luta operária nas duas primeiras décadas do século 20. A crítica aos postulados da social democracia já havia sido feita mesmo dentro do partido . Com a revolução russa de 1917, o partido socialdemocrata russo, que era cindido em duas alas: a menchevique (que em russo significa minoria) e a bolchevique (maioria), forneceu as condições formais para a criação do partido comunista russo. A tendência bolchevique, quando eclodiu a vaga revolucionária, viu as condições sociais concretas para se estabelecerem como partido próprio, independente do partido social-democrata. Foi o que de fato ocorreu. O partido comunista russo ou os bolcheviques representou um grande avanço da classe burocrática. Como conseguiram dar um golpe de estado em outubro de 1917 na Rússia, conquistando assim todo o aparelho que constitui a instituição estatal, os bolcheviques demonstraram a que extremos pode chegar a burocracia gerindo uma economia capitalista. Ao contrário do que muitos dizem, jamais se configurou na Rússia qualquer forma de “socialismo” real ou imaginário. O que se constituiu ali foi tão-somente um capitalismo de estado, ou seja, um capitalismo cuja burguesia se confunde com a burocracia estatal. Se no capitalismo privado (Estados Unidos, Alemanha, França etc.) quem se apropria da maior parte da mais valia é a classe burguesa; no capitalismo de estado (antiga União Soviética, Cuba, China etc.) é a burocracia estatal. Assim, os autores que representam o comunismo de conselhos não pouparam críticas aos bolcheviques e à sua tão falada revolução russa. Os textos são inúmeros e autores como Pannekoek, Korsch, Rhüle, Gorter, Mattick etc. aparecem como destaques nesta dura crítica. Mas em que consiste precisamente o comunismo de conselhos? Quais são seus princípios fundamentais? Esta é a tarefa que temos à frente. Buscaremos efetivá-la no próximo tópico. 

Principais teses do comunismo de conselhos: princípios da Autogestão Social

Os conselhos operários não são uma forma acabada, são um princípio. O comunismo de conselhos é a expressão teórica do movimento operário em sua forma mais desenvolvida, os conselhos operários. Os trabalhadores, durante todo o século 20, sempre que se organizaram em direção à abolição do modo de produção capitalista, encontraram nos conselhos operários sua expressão mais radical e revolucionária. A perspectiva que melhor expressou e compreendeu o movimento operário revolucionário e as possibilidades de constituição da sociedade autogerida foi o comunismo de conselhos. Em que fundamentalmente consiste o comunismo de conselhos? Quais são seus aspectos centrais? Os comunistas conselhistas são um conjunto de autores marxistas, ou seja, que entende o materialismo históricodialético como um método adequado 112 para se analisar os fenômenos sociais e uma teoria correta da realidade social e histórica; são um conjunto de revolucionários que expressaram teoricamente o movimento revolucionário do século 20. Embora tivessem idéias que estavam dentro de seu tempo, pois a onda revolucionária que vivenciaram e expressaram foi uma das mais avançadas, conseguiram acompanhar a revolução que se desenvolvia à frente de seus olhos. Durante este processo, várias cisões e rupturas foram necessárias (capítulo 2) para que se colocassem como verdadeira expressão dos interesses revolucionários do proletariado em luta. Quando o proletariado deixa de ser, mesmo que temporariamente, classe em si, e passa a ser classe para si, não deve recuar nenhum centímetro sequer, pois não tem nada a perder. Também aqueles que julgam expressar teoricamente este movimento não devem fazer qualquer concessão, posto que senão, não conseguem compreender adequadamente o processo revolucionário. Deste modo, podemos delinear aqui, de modo bem rápido, os principais aspectos da perspectiva conselhista. a) Auto-emancipação dos trabalhadores Esta assertiva, vinda dos Estatutos da Associação Internacional dos Trabalhadores redigidos por Marx, defende a idéia de que somente os trabalhadores podem libertar-se a si mesmos. Nenhuma outra classe o fará efetivamente. Esta é a tarefa dos explorados na sociedade capitalista. Enquanto precisarem de líderes, de dirigentes, de indivíduos e grupos sociais oriundos tanto da classe trabalhadora quanto de outras classes sociais, o movimento em direção à emancipação humana encontrará problemas em se realizar. Esta é uma questão ao mesmo tempo lógica e histórica. Do ponto de vista lógico, é necessário destacar que a grande tarefa da classe operária hoje é gerir suas próprias lutas, não colocá-la nas mãos de outras classes, como a burocracia partidária e sindical, por exemplo. Entretanto, será a tarefa de reorganizar a sociedade como um todo, o maior desafio da classe trabalhadora. Deste modo, se ela não consegue nem levar a cabo suas próprias lutas, muito menos será capaz de colocar a sociedade como um todo para funcionar sobre novas bases. Do ponto de vista histórico, temos visto que um dos maiores obstáculos para a disputa entre capital e trabalho ser resolvida positivamente em favor deste último, não é nem a polícia, nem o estado, nem os capitalistas, mas sim os ditos representantes da classe trabalhadora, os ditos partidos de esquerda e os sindicatos. Estas frações da classe burocrática, em vários momentos históricos da luta operária demonstraram quais são efetivamente seus interesses, ou seja, manter os privilégios de classe da burocracia. Esta, ao mesmo tempo que não é proprietária dos meios de produção, possui o monopólio da organização e gestão das lutas. Deixam os trabalhadores em estado de passividade, obediência e submissão, portanto reproduzem a lógica das sociedades de classes, ou seja, a divisão entre dirigentes e dirigidos. A história da social democracia e do bolchevismo é prova mais clara deste processo. Desta maneira, para tornarem-se livres, os trabalhadores devem antes de mais nada resolver sua situação com estas burocracias, ditas suas representantes. b) Ação direta Esta expressão usualmente vinculada à tradição anarquista também compõe o leque de princípios que norteiam a perspectiva conselhista. Entretanto, ação direta para o conselhismo não significa “propaganda pela ação”, como comumente os movimentos anarquistas compreendem. Não que toda tradição anarquista seja assim, mas a maneira como a expressão “ação direta” foi divulgada nos meios políticos adquiriu esta forma. Ou seja, na perspectiva conselhista, ação direta quer dizer luta direta dos trabalhadores contra os capitalistas e burocracias. Não é necessariamente a ação de grupos conselhistas, mas sim o movimento do proletariado, organizado em conselhos operários e, portanto, contrário à classe capitalista e todas as suas classes auxiliares. A ação direta é o processo de auto-organização dos trabalhadores no sentido de formarem os conselhos operários, expressão mais acabada da classe operária para si. Neste sentido, a ação direta é a afirmação dos interesses do proletariado em oposição à classe capitalista e às burocracias sindicais e partidárias. Esta ação manifesta-se nas “greves selvagens”, ou seja, ilegais, não desencadeadas pelos sindicatos, mas sim pela manifestação dos interesses e da comoção da classe trabalhadora, organizando ela própria seus assuntos. Este tipo de conduta dos trabalhadores sempre se afirma como uma negação das organizações burocráticas. Estas sempre buscam dirigir, controlar o movimento operário, as greves ilegais são um momento de negação prática destas organizações, pois fogem do seu controle. Os núcleos formados pela organização destas greves podem conduzir à formação de conselhos operários. c) Recusa e abolição de todas as organizações burocráticas (partidos, sindicatos, estado etc.) Uma organização burocrática é fundada na divisão entre dirigentes e dirigidos. Neste tipo de organização existem aqueles que detêm o poder de decisão e aqueles que somente executam. Os partidos políticos, os sindicatos, o estado, as fábricas etc. são todas organizações burocráticas. Esta divisão fundamental do processo de organização do trabalho e da vida como um todo é a marca geral da sociedade capitalista. Trata-se de um princípio que norteia a organização da vida nesta sociedade. Está introjetado na consciência dos indivíduos, é uma relação naturalizada e justificada pela ideologia. Entretanto, a separação entre decisão e execução do processo de trabalho serve para perpetuar a divisão de classes sociais existentes na sociedade. Esta divisão é na verdade o cerne das organizações burguesas, pois aqueles que detêm o poder de decisão compõem uma classe e aqueles que executam pertencem a outra classe. Qualquer perspectiva que se afirme revolucionária, ou seja, que almeja abolir as relações de classes e, portanto, as classes sociais, deve atentar-se para esta questão. É impossível chegar-se à liberdade reproduzindo a servidão, da mesma forma, não se pode abolir as classes sociais reproduzindo as relações de classe. É por isto que o movimento revolucionário dos trabalhadores deve abolir de imediato a divisão entre dirigentes e dirigidos. Na verdade ele só se constitui como revolucionário à medida que abole tal relação. É por esta razão que o conselhismo defende a abolição de toda e qualquer burocracia, seja das instituições burguesas propriamente ditas, seja das organizações que dizem representar os trabalhadores. Historicamente, esta possibilidade tem se afirmado quando os trabalhadores constroem suas próprias organizações e instituições e estas são os conselhos operários. d) Defesa dos conselhos operários como órgãos de luta e gestão da sociedade futura Os conselhos operários são as instituições criadas pelos trabalhadores no sentido de constituir a autoorganização de suas lutas. Formam-se na ação direta, na recusa das burocracias e são a maneira prática criada pelos trabalhadores para sua auto-emancipação. Evidentemente que estas organizações não surgem de idéias mirabolantes dos reformadores sociais, são na realidade o produto de um longo processo de lutas e de auto-educação dos trabalhadores. Se a eles cabe a tarefa de se libertarem do jugo de seus exploradores, naturalmente que também a eles cabe a maneira de realizar esta tarefa. Durante todo o século 20, a experiência revolucionária do proletariado sempre se colocou como um antagonismo inconciliável com todas as classes exploradoras e parasitárias de nossa sociedade. O processo de lutas sociais é permeado de contradições, de avanços e recuos. A emergência de uma consciência revolucionária depende da constituição de um momento revolucionário, mas este só se consolida quando a consciência avançou a um nível revolucionário. De acordo com Jensen (2001), a luta operária passa por três fases: 1) Lutas espontâneas. Presente na quebra e roubo de utensílios, absenteísmo, sabotagem etc., ou seja, é uma recusa do capital, mas que não se manifesta numa forma discursiva. É uma recusa prática, mas que não aponta caminhos para se superar as relações estabelecidas. 2) Lutas autônomas. Já há a criação de uma discursividade, os trabalhadores estão organizados coletivamente, já superaram suas burocracias partidárias e sindicais, mas ainda não desenvolveram uma consciência revolucionária, ou seja, a luta autônoma basta a si mesma. Se o que importa é moradia, lutemos por moradia, se o que importa é terra, lutemos por terra, se o que importa é salário, lutemos por salário etc. Neste nível, as lutas, embora já tenham se tornado autônomas, ainda não constituíram uma consciência revolucionária. 3) Lutas autogestionárias. Neste nível, além da recusa do capital e da burocracia, há a afirmação da autogestão social, enquanto as formas anteriores se desenvolvem até o nível da negação, nas lutas autogestionárias já é perceptível a afirmação de uma nova sociedade fundada em outras bases. Em outras palavras, não há momento revolucionário que não seja produto de uma consciência revolucionária e da mesma forma, não há consciência revolucionária que não seja construída numa prática revolucionária. Deste modo, a perspectiva conselhista concebe a ação revolucionária no sentido da busca de autonomização da classe operária, portanto uma recusa do capital e da burocracia e ao mesmo tempo uma ação no sentido de construir uma nova sociedade, portanto da afirmação da autogestão social. Historicamente, a maneira de autonomização das lutas dos trabalhadores tem se dado através da criação de organizações as quais eles próprios controlam, os conselhos operários. A autogestão das lutas é pré-condição para a autogestão da sociedade futura. Somente em organismos criados e controlados pelos trabalhadores é que eles podem encaminhar de acordo com seus interesses e de acordo com suas necessidades as suas próprias lutas. Tais instituições devem abolir imediatamente a divisão dirigente/dirigido, deve ser um corpo unitário de luta. Esta unidade é garantida pela confluência de interesses de classe comum, ou seja, abolição do estado, do capitalista, da burocracia etc. e afirmação da associação livre de produtores, a autogestão das fábricas e da sociedade como um todo.

 Últimas palavras 

Para encerrar esta pequena introdução ao Comunismo de Conselhos, resta apontar um pouco de seu legado. Tal perspectiva, como já abordamos, foi marginalizada ao longo da história. A razão disto é que ela foi derrotada. Melhor dizendo, isto só prova que ela ainda é uma concepção que assusta as classes dominantes (de esquerda e de direita). Pelo fato de ser uma teoria revolucionária, o comunismo de conselhos só foi retomado, ao longo da história do século 20, em momentos de ascensão da luta revolucionária do proletariado. Não é à toa que as concepções bolcheviques, social-democratas etc. sejam vistas como os verdadeiros legados do marxismo. Quem já ouviu falar em Herman Gorter? Otho Rühle? Anton Pannekoek? Paul Mattick? Excetuando alguns excêntricos, mais ninguém. Quem já ouviu falar em Lênin, Trotsky, Stálin, Mao Tse-Tung? Kautsky, Berstein etc.? Estes são mais famosos e aparecem até nos livros didáticos de história e geografia aqui no Brasil. Por que isto se dá desta maneira? Estes últimos venceram a batalha das idéias, justamente por que conseguiram derrotar concretamente o proletariado. Mas de qualquer maneira, o comunismo de conselhos sempre retorna. É expulso pelas portas dos fundos, mas num rompante repentino irrompe novamente pelas portas da frente. Foi assim ao longo da história do século 20. Quando se formalizou, na segunda metade da década de 1920, o comunismo de conselhos era reconhecido por amplas camadas da sociedade. Quando o proletariado foi derrotado por toda a Europa: na Rússia pelos bolcheviques, na Alemanha pela social-democracia e pelo nazismo, na Itália pelo fascismo etc., também o comunismo de conselhos (expressão teórica do proletariado revolucionário) o foi. O Comunismo de conselhos só é forte e reconhecido, quando o movimento operário rompe concretamente com esta sociedade. Quando se constituem os conselhos operários, também o comunismo de conselhos, como expressão teórica e política dos trabalhadores, se fortalece e se revigora. 

 Referências bibliográficas 

BRINTON, Maurice. Os Bolcheviques e o Controle Operário. Porto: Afrontamento, 1975. 
GUILERM, Alain & BOURDET, Yvon. Autogestão: uma mudança radical. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1976. 
JENSEN, Karl. A luta Operária e os Limites do Autonomismo. Revista Ruptura. Ano 8, número 7, agosto de 2001. Goiânia, Movimento Autogestionário, 2001. 
MARX, Karl & ENGELS, Friedrich. A ideologia alemã. São Paulo: Martins Fontes, 2002.
NASCIMENTO, Cláudio. Rosa Luxemburgo e Solidarnosc: Autonomia Operária e Autogestão Socialista. São Paulo: Edições Loyola, 1988. 
PANNEKOEK, Anton. A Revolução dos Trabalhadores. Florianópolis, Barba Ruiva, 2007. 
________. Conselhos operários. in: Conselhos Operários. Coimbra: Centelha, 1975.
 ______. Los Consejos Obreros. Madrid: Zero, 1977. 
TRAGTENBERG, Maurício. Reflexões Sobre o Socialismo. São Paulo: Moderna, 1986. 
VIANA, Nildo. Senso Comum, Representações Sociais e Representações Cotidianas. Bauru-SP. EDUSC, 2008b.
 ______. Manifesto Autogestionário. Rio de Janeiro. Achiamé, 2008a.
 ______. Estado Democracia e Cidadania: a Dinâmica da Política Institucional no Capitalismo. Rio de Janeiro: Achiamé, 2003.

Nenhum comentário:

Postar um comentário