A ideia central que pretendemos desenvolver é a seguinte: a pré-condição para Eric Olin Wright (2012, 2019) “inovar” no suposto campo da estratégia socialista de transformação social, e até mesmo regressar ao socialismo pré-marxista, é a de ocultar o próprio Marx e toda sua elaboração e contribuição teórica (teoria da consciência, teoria da revolução social proletária, teoria das classes sociais, teoria do mais-valor e da dinâmica social capitalista etc.) dificultando assim, evidenciar que suas teses são, quando muito, pseudomarxistas e converge com os interesses do bloco progressista que passa, fundamentalmente, pelo fortalecimento da democracia burguesa, pela conquista do poder estatal (partidos de esquerda) através do sistema eleitoral para tornar regular o capitalismo neoliberal, mas com discurso neopopulista (igualdade, democracia, cidadania, solidariedade) e microreformismo estatal neoliberal (distribuição de renda básica, cooperativismo, empreendedorismo etc.).
Nesse sentido, é pré-condição ocultar a perspectiva do proletariado e seu signo revolucionário: a autogestão social. Wright (2019), assim como tantos outros na contemporaneidade (HOLLOWAY, 2003; HARVEY, 2004), são casos exemplares dessa ocultação e deformação. Para isso recuperaremos o significado marxista de revolução social no capitalismo, bem como demonstraremos que esse foi ocultado e deformado ao longo do século XX, e segue tendo muitas contribuições para a reprodução dessa ocultação e deformação na contemporaneidade, inclusive na própria obra de Eric Olin Wright. Essa prática da intelectualidade não pouco despropositada, visto que é realizada por intelectuais amplamente renomados, reconhecidos e propagandeados como um dos “marxistas contemporâneos mais dialéticos”, “um dos mais importantes sociólogo marxista”, tal como Wright é denominado por outro renomado intelectual progressista (BRAGA, 2021), em uma renomada revista alinhada ao bloco progressista (JACOBIN, 2021), cujo editor também compartilha da mesma perspectiva (SUNKARA, 2021), publicado em grandes editoras (capital comunicacional) progressistas (BOITEMPO, 2019) no fundo, representa uma luta cultural implementada por intelectuais e instituições historicamente vinculadas e pertencentes a esse bloco social, quer dizer, atuando em defesa dos seus interesses políticos, acadêmicos, econômicos, partidários etc. no capitalismo contemporâneo. Essa é a tese que sustentaremos nesse artigo:
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